Os anéis olímpicos se formam no chão após uma "chuva" de fogos de artifício
Os chinêses são muito conhecidos pela forma alegórica com a qual dão às suas tradições culturais. Até mesmo nas lutas de origem chinêsa pode-se observar o cuidado plástico que carregam. E, por isso, já era de se esperar uma grande cerimônia de abertura para as Olimpiadas de Beijing 2008. Foi tudo belíssimo, a China realmente soube mais uma vez utilizar um condicionamento sensível para emocionar seus espectadores. Porém, o ponto mais importante a ser ressaltado foi o uso criativo dado a tecnologia, e não o uso da tecnologia com um fim em si mesma.
Combinou-se a tradição milenar de sua cultura com as tecnologias da China moderna de uma forma natural e criativa, própria da inventividade dos chinêses. Esse é um dos pontos que mais me surpreendeu, essa integração temporal, feita de várias formas, como através do pergaminho que se abriu no centro do estádio e que, na verdade, era uma tela na qual imagens eram passadas, mas de uma forma que pareciam ser pintadas por alguns dos muitos bailarinos que participaram da cerimônia
Uma espécie de representação de fada, que na apresentação, suspensa por cabos, ergueu os anéis olímpicos, esses também suspensos.
Inclusive a pólvora dos fogos de artifício foi utilizada de forma inovadora, ao invés de uma simlpes queima de fogos. A partir das faíscas caídas, "surgem" os anéis olímpicos, que são carregados por fadas até atingirem o alto do estádio, onde pairam sobre o ar, suspensos por cabos. O aproveitamento vertical do estádio foi muito presente durante a festa, percebendo-se o gosto dos chinêses em se explorar um importante elemento arquitetônico: o ar.
O sincronismo dos 2008 tambores reflete a tradicional disciplina chinêsa
A cerimônia de abertura ocorreu no dia 8 de agosto de 2008 em Pequim, mais precisamente no Estádio Olímpico, ou Ninho de Pássaro, que se encheu de cores, sons e luzes. O início se deu com a percursão extremamente sincronizada de 2008 seculares tambores Fu, todos iluminados. Depois começou uma pequena linha do tempo sobre a história do país. Dinastias imperiais, rota da seda, as grandes invenções, a China atual, quase tudo foi representado no espetáculo, com exceção da Revolução de 1949, talvez para evitar críticas ideológicas ou políticas de outros países.
O ápice da cerimônia: a pira olímpica e acesa ao fial do desenrolar de um pergaminho
Aproximadamente 14.000 pessoas participaram do show, para o qual foram preparados 29.000 fogos de artifício, uma das invenções da Cina Imperial. O cineasta Zhang Yimou, foi o responsável por sintetizar 5.000 anos de história chinesa em um espetáculo de poucas horas, um trabalho que merece reconhecimento. O espetáculo foi repleto de apresentações de artes marciais, performances musicais, projeções em vídeo, coreografias, além de efeitos especiais, luzes e elementos de alta tecnologia.
Em destaque, o ex-ginasta que acendeu a pira, suspenso por cabos, um dos truques favoritos de Zhang Yimou
O diretor aproveitou muitos de seus truques para tornar possível toda a beleza das artes utilizadas na cerimônia, como no final grandioso do acendimento da tocha olímpica, em que um atleta caminha flutuando pelas paredes do ginásio à maneira de "Herói", na cena da luta de espadas sobre um lago.
Cena do filme "Herói" do cineasta Zhang Yimou
Zhang Yimou é conhecido como o responsável por vários filmes considerados obras de arte do cinema chinês, nos últimos anos. Entre seus principais filmes estão "O Clã das Adagas Voadoras" (2004), "Herói" (2002), " A Maldição da Flor Dourada" (2006) e "Nenhum a Menos" (1999).
A deslumbrante iluminação atinge todo estádio, a personagem principal do espetáculo
A iluminação também foi destaque no espetáculo, juntamente com o vestuário. No total, durante a cerimônia, foram utilizadas 44 mil lâmpadas somente no solo, com 15.153 diferentes tipos de vestes, utilizados pelos 14 mil artistas. agora, espera-se que a cerimônia de encerramento esteja a altura da festa de abertura.